![Para além do palco: impactos urbanos dos megashows - Imagem 1 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/6568/e0fe/0ca0/c30c/c04b/13fa/newsletter/para-alem-do-palco-impactos-urbanos-dos-megashows_4.jpg?1701372194)
Quando astros musicais mundialmente famosos como Beyoncé, Taylor Swift e Paul McCartney anunciam suas turnês globais, após o frisson provocado pela divulgação dos países e das respectivas cidades-sede, esses locais se preparam para comportar a série de mudanças que serão desencadeadas por esses eventos em seus espaços urbanos. Esses megashows não se restringem ao âmbito musical, eles transcendem o palco para mobilizar cifras significativas e implicar em diversas transformações no cotidiano urbano dessas cidades. Mesmo que durante um curto período de tempo, esses eventos provocam alterações em variadas esferas e setores urbanos, como o turístico, o hoteleiro, o alimentício e o de transporte.
Já é conhecido o impacto que megaeventos como a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos causam nas cidades que os recebem, com transformações urbanísticas profundas, a inserção de diversos novos equipamentos e estruturas e a preparação e mobilização desses locais durante anos para que aqueles eventos ocorram. Mas apesar de se tratar de um outro porte, duração e escala de acontecimento, os megashows também trazem mudanças nas dinâmicas das cidades, seja em sua montagem e produção, seus impactos logísticos ou na sua capacidade de atrair uma multidão de fãs para um determinado local, ansiosos para assistir as performances de seus artistas favoritos ao vivo.
![Para além do palco: impactos urbanos dos megashows - Imagem 9 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/6568/e255/0ca0/c30c/c04b/1414/newsletter/para-alem-do-palco-impactos-urbanos-dos-megashows_9.jpg?1701372530)
Um dos setores mais beneficiados é o hoteleiro: hotéis, pousadas e serviços de hospedagem compartilhada vêem suas taxas de ocupação atingirem altos picos ou até se esgotarem meses antes das datas dos shows. Na cidade de São Paulo, Fernando Guinato, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hóteis (ABIH) e diretor do Sheraton WTC, comenta sobre a forte relação entre a alta procura dos hotéis nas datas dos eventos:
O mês de março foi excepcional por conta do show do Coldplay e depois pelo Lollapalooza, onde muitos hotéis tiveram ocupação muito próxima de 100%. — Fernando Guinato
![Para além do palco: impactos urbanos dos megashows - Imagem 4 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/6568/e102/0ca0/c30c/c04b/13fe/newsletter/para-alem-do-palco-impactos-urbanos-dos-megashows_7.jpg?1701372202)
A cena gastronômica também está no centro dessas reverberações. Bares e restaurantes locais podem se transformar em destinos concorridos, inclusive elaborando novas estratégias de marketing e vendas focadas no público do artista. O comércio local (seja o setor formal ou o informal) também floresce durante os eventos, em que se destaca a venda de produtos relacionados aos músicos, de camisetas a souvenires exclusivos.
Entretanto, esse fluxo massivo de pessoas também traz desafios, sobretudo para o planejamento dos setores públicos. Há uma pressão sobre a infraestrutura urbana e os sistemas de transporte das cidades enfrentam acúmulos intensos e dificuldades logísticas: congestionamentos nas vias, longas filas de pessoas pelas calçadas, interrupções, alterações e inchaços nos transportes públicos e esforços relativos à segurança e à gestão de multidões são algumas das questões. Elas apontam para a necessidade de uma abordagem mais ampla na preparação das cidades para a ocorrência desses megashows, para que eles ocorram com maior tranquilidade e não entrem em conflito nem prejudiquem a dinâmica urbana cotidiana.
![Para além do palco: impactos urbanos dos megashows - Imagem 3 de 9](https://images.adsttc.com/media/images/6568/e0ff/ad68/bf1c/c4b0/c4b5/newsletter/para-alem-do-palco-impactos-urbanos-dos-megashows_5.jpg?1701372199)
Um planejamento e uma abordagem equilibrada são essenciais para garantir que esses eventos sejam sustentáveis para as cidades-sede, e que não beneficiem apenas turistas, uma parte da economia e uma parcela restrita da população local. Uma postura crítica com relação aos shows é importante para que esses momentos de entretenimento não brilhem apenas no palco, mas também contribuam com as cidades, sem causar-lhes maiores transtornos e prejuízos.